quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A parede

E então, quando já consciente sob medida
Ainda sim continua a cair no abismo profundo
Catando as estrelas por menores esfoladas
Imaginando ser o guerreiro solitário do mundo

Já não percebe mais sua própria arritmía
Um descompasso acelerado de loga outrora
Um desejo desenfreado para toda essa partida
A certeza eterna da sua fugacidade sofrida

Passa o tempo e o tempo corre de sua sombra
Foge com as nuvens de desenhos tortos
Num céu que já foi diferente dessa mísera sobra
Cavalga esse nômade de decisões impiedosas

Vacilante se depara com a estranha parede de vidro
Ali lisa, limpa, clara, rasa, transparente
Não há passagem. Não agora. O coração não retarda
A batida é firme, profunda, apertada

O desespero não é pai da verdade agora
Já que essa saída que procura vai além da calma
É a sabedoria das perspectivas dessa parede
Misteriosa e temerosa, mas que não reflete pegadas.



Vitor "Bardo" Ventura.