terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Prioridade Vazia

O Deus bom há de intervir!
Subjugando a vida do meu semelhante,
Colocando em desgraça lídimas crianças,
À revelia do livre-arbítrio, 
A favor de meus caprichos!

Um jeitinho aqui, um armengue ali,
Para que minha ignomínia, outrora destino,
Conduza em expressões alegres minha face.
Para que tudo se encaixe e eu seja feliz.

Ande depressa, oh Criador!
Priorize-me!
Não vê? Sou aquele que mais reza! 
Seu "cidadão de bem" que se espera!

Ah, meu Senhor!
Ninguém ousou te implorar tanto.
Portanto, não me canse.
Nem tão pouco me afronte!

Seja feita da MINHA a Sua vontade! 

[...]
Mas a Vida não distingue os sabores 
Da nossa alegria e esperança, 
Dos da nossa tristeza e desalento.
Seu apetite é o mesmo, soberano!

Não existe força alheia 
A essa faminta e assombrosa Teia,
Chamada "Causa e Efeito."
O emaranhado caótico perfeito
Que nos une enquanto solidões.



Vitor "Bardo" Ventura.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Vontade

Enjoei! 
Sim, simplesmente enjoei. 
Não quero mais!

Enjoei sem temer que o enjoar
Fosse uma liquidez intrínseca
Da minha própria vontade.

Logo a vontade que é uma grandeza
Mais imperativa que a verdade!
Em mim solidifica-se, faz viga. 

Tudo por sua natureza límpida.

Um impulso em constante transformação
Que, para permanecer, renova-se.
Sendo cada renovar uma inédita direção!

Sim,
Minha vontade se perpetua 
Pela leveza volátil que seu âmago insinua.

Irônico triunfo do fraco!

A fraqueza indestrutível de uma bruma esparsa
Que compõe e sustenta a estrutura, a face mais pura,
Da liberdade: suas asas.

[...]
Eu aqui, já ao nível do ar, 
Temo por suspeição propagar: 
A força motriz do impulso do desejo do vazio,
Moldável à Vida e aos seus caprichos imponderáveis.


Vitor "Bardo" Ventura.