segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sonho pelo Avesso

Nas incertezas penosas dos dias de agora
No raso profundo em que imerge o mundo
Na mentira secreta que se espalha a cada instante
Nos muros invisíveis da proteção, que reprime e involui

Na raridade do sorriso que abraça
No hoje impossível abraço que beija
De todas as dúvidas que uma resposta basta
De todo não que um sim deseja

Na brevidade de um amor eterno
Nas juras diárias de nem mais um trago
No brilhantismo das mentes vegetativas
Na evolução de artefatos, buchos e nada mais

Na inveja mascarada que apoiamos e nos sustenta
Na reza e querer bem que o ato não acompanha
Na noite mais escura que um dia seja
E em cada mentira que a verdade se fez

Recordo-me com mais clareza dos meus sonhos
Que dos hodiernos segundos vividos.

(Vitor Bardo)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O âmago da vida

Não consegues perceber onde se encontras?
este é o enígma, o âmago da vida!
Aquilo que tudo em ti pode desfazer
ao instante que te faz erigir! 

Não sentes nos embaraços dos espelhos
Ideias que 'enrugueceram' e não as reconhecem mais?
Nem um traço da pureza de outrora,
Nem a dureza da entrega dos findos tempos porvir?

Finte nos seus olhos rudes redemoinhosos
um relance de tudo que foi e não regressa mais.

Ahhh coisa impiedosa!!
Roga-me pra voltar, quando adstringe-me sem perdão.

O que mais posso fazer se você já é a essência de mim mesmo?
De mãos atadas, só resta-me seguir.

Quando posterior, outro impiedoso zela-me.
Mas digo-o, sem medo! Eu tenho três certezas na minha vida:
Ela mesma, o tempo e a morte!!

Uma vida que é presa no tempo terno
Um Tempo Eterno que rege a Vida
E uma vida que não evade da Morte

Ohh âmago perfeito que aduze-me a finitude
Estafaria-me uma eternidade corrida
Espantaria-me uma brevidade sofrida
E me desapontaria a certeza da exata hora de partida!

És sábio!
És tudo!
Tudo em mim,
é o Agora!


Vitor "Bardo" Ventura