segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sonho pelo Avesso

Nas incertezas penosas dos dias de agora
No raso profundo em que imerge o mundo
Na mentira secreta que se espalha a cada instante
Nos muros invisíveis da proteção, que reprime e involui

Na raridade do sorriso que abraça
No hoje impossível abraço que beija
De todas as dúvidas que uma resposta basta
De todo não que um sim deseja

Na brevidade de um amor eterno
Nas juras diárias de nem mais um trago
No brilhantismo das mentes vegetativas
Na evolução de artefatos, buchos e nada mais

Na inveja mascarada que apoiamos e nos sustenta
Na reza e querer bem que o ato não acompanha
Na noite mais escura que um dia seja
E em cada mentira que a verdade se fez

Recordo-me com mais clareza dos meus sonhos
Que dos hodiernos segundos vividos.

(Vitor Bardo)