quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O surto

Despertei encarando o absurdo.
Foi a primeira vez chegando a mim.
Sim, envolto a essa carne fraca!
Um facão cravado no âmago perecível do tempo.

Intimado a uma dança desarmônica.
Só o impossível existir imperava.
Sem sua razão natural das coisas.
Um descompasso sucessível de cada momento.

Minha memória jazida no conforto do nada.
Moradia de uma essência esquecida.
Quem era eu além do meu hiato?
Quem era a vida perante o meu delírio?


Vitor "Bardo" Ventura.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Perspectiva distorcida

A luz não é mais esperança,
É uma mera ilusão de fim do túnel.
A fraude dissimulada que nos ilude a caminhar,
Face a nossa incapacidade de amar!

Amar por inteiro o desconhecido,
Em um destemido prazer imensurável,
Numa insaciável busca intangível.
Deixemo-nos amar o desconhecido!

Mas cultivamos o anseio da morte.
Incisiva foice visceral de almas perdidas.
Sujando a pureza prévia do inconsciente,
Alimentando o ódio de uma criança pela vida...

...De repente,

Se (a)pegando na maldade fulcral humana:
A negação do seu próprio sofrimento!
Induzindo deliberadamente o esquecimento,
Numa hipocrisia entorpecente sedativa!

Consciências fartas de sua existência,
Disfarça em certezas o medo
E nele constrói um abrigo:
A própria escuridão do túnel,
O farsante espectro de Luz.



Vitor "Bardo" Ventura.