quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Desatino

Olhe nos meus olhos perdidos
E diga que tudo foi em vão
Que nunca houve pura paixão
Além daquele apego carnal

Encara-me novamente, mas sem suor
Pois a mentira vem com a hesitação
Mesmo se toda a intenção for a melhor
De não querer ferir a um coração

Encoste sua boca nesta minha
E mostre-me que nunca inclinou
Para beijá-la com a vontade
De tomá-la de vez para ti

Diga-me agora de uma vez por todas
Que de noite nunca chorastes por mim
E sendo cada afogo uma lástima falta
Sonhaste então agarrada com a saudade

E se rasgava e consumia de todo prazer
Imaginando-me ali até chegar a aurora
E te despertar num sufocante desgosto
Levando-me ainda no arrepiar dos cabelos

Diga! Sim! Diga...! Melhor, não diga nada!
Pois a verdade pode doer muito mais
Do que mil lágrimas aqui derramadas
Que meu pranto é capaz de suportar.

Encontro-me maior neste desatino!



Vitor "Bardo" Ventura

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